Peças de reposição são fundamentais em campeonatos longos. Devido à indefinição para contratar os reforços necessários, o círculo vicioso retorna ao estado inicial de encontrar soluções na própria equipe. Mas todos os componentes do plantel precisam participar constantemente dos coletivos. Ser excluído do time reserva gera focos de insatisfação e atraso no desenvolvimento tático, técnico e físico. A fim de evitar esse tipo de regressão, principalmente as semanas cheias de preparação entre os jogos deveriam ser usadas para movimentar os atletas pouco utilizados ou nem aproveitados. Ainda com a presença dos jogadores do sub-20. Também haverá a necessidade de substituição por causa das suspensões, lesões e contusões. Os substitutos precisam ter ritmo de treino. A competitividade entre os envolvidos estimula a produtividade nos treinamentos.

Bruno Sávio e Rubens foram relacionados pelo Rogério Micale, técnico da seleção Sub-20, como possíveis opções para disputar as olimpíadas de 2016.  É bom destacar, que de acordo com o treinador, poucos jogadores fora de série estão prontos com 20 anos. A grande maioria dos atletas está em formação, quando promovidos ao profissional. Até os 23 anos a oscilação é normal. O ponto de equilíbrio será entre os 23 e 25 anos e o auge aos 28. Éder, Palhinha, Euller, Gilberto Silva, Fred e Danilo Luiz, para citar tops de linha revelados pelo América e convocados para a seleção brasileira, comprovam esta tese. Os pratas da casa citados foram bastante criticados por parte da torcida, que acreditava em jogadores prontos, com responsabilidade de ser solução nos primeiros anos da carreira. Com o tempo, bem trabalhados, evoluíram e se destacaram mundialmente.

No programa Redação SporTV, Carlos Cereto falou que o 4-2-3-1 está contribuindo para o empobrecimento do futebol brasileiro. O editor-chefe do canal esportivo ironizou ao perguntar quem foi o gênio inventor desse esquema, que utiliza só um atacante isolado na frente e transforma os meias em dublês de lateral para jogar abertos pelos lados, na marcação dos adversários. André Rizeck comentou que é o sistema tático da moda. David Butter acrescentou que, para funcionar, precisa ter dois volantes com qualidade na saída de bola e na construção das jogadas. De acordo com Sérgio Xavier, a linha de três meias necessita ser bastante dinâmica e ofensiva, a fim de se aproximar do centroavante. A mesmice tática é tão grande que os defeitos destacados pelos jornalistas são os mesmos erros apresentados pelo time americano durante o Mineiro e a Série B.

Tempo de preparação para enfrentar o Mogi Mirim é que não vai faltar. Oportunidade para a comissão técnica testar variações táticas, diferentes formações e antecipar possibilidades de reposição. Thiago Santos está suspenso. O voluntarioso volante se destaca na marcação, mas precisa acertar mais passes e viradas de jogo. A ausência do jogador deve abrir espaço para o aproveitamento de Dopô na função de segundo volante. Dopô tem qualidade na saída de bola, velocidade e resistência para jogar de uma área a outra. Estaria mais bem preparado e com ritmo de jogo se tivesse sido escalado mais vezes durante o Mineiro e em alguns jogos da Série B. Patrick também possui qualidades para jogar no meio. Renato Bruno tem potencial, porém, está sem atuar há bastante tempo. Contra o Criciúma, até o experiente Alison sentiu a falta de sequência de jogos.

Empatar fora de casa com o Criciúma deveria ser considerado um bom resultado, mas, devido às circunstâncias da partida e o baixo nível técnico de um adversário em formação durante a competição, o América desperdiçou grande oportunidade de ter conquistado a segunda vitória na condição de visitante. Quando o time americano jogou mais preocupado em defender do que atacar, perdeu o domínio da partida. Quando teve postura ofensiva, principalmente em alguns momentos do segundo tempo, criou chances para ter vencido o confronto. Felipe Amorim, Toscano e Cristiano são mais produtivos avançados do que recuados na marcação. No ataque, participaram dos gols e criaram situações para fazer outros. Felipe Amorim marcou o primeiro e fez o lançamento para Cristiano fazer o segundo. Toscano e Cristiano tiveram chances para desempatar.

O desinteresse de grande parte da torcida em comparecer aos jogos é preocupante. Apesar da promoção no jogo contra o Atlético-GO, com redução do valor do ingresso, o número de pagantes foi bastante baixo: 1.865 americanos. Em 2012, com setorização, confiança no time e bilhetes a R$ 20 e a R$ 40, foram 5.691 pagantes contra o Criciúma. O afastamento também deve ser reflexo da falta de soluções para aumentar a comodidade do torcedor e de erros administrativos anteriores. Filas, proibição de estacionar nas ruas próximas ao Independência, venda de Rodriguinho durante a competição e perda de pontos por escalação de Eduardo. Ainda assim, o principal atrativo é a credibilidade no time. Apesar de o Coelhão ser o primeiro colocado como mandante, a forma de jogar para conquistar as vitórias dentro de casa precisa ser mais convincente.

Se a postura para enfrentar o Criciúma fora de casa for ofensiva, o América precisa consertar os defeitos da falta de qualidade na transição e do posicionamento dos quatro jogadores de frente. Thiago Santos e Leandro Guerreiro são primeiros volantes, sem características ofensivas. Robertinho não tem o perfil de buscar a linha de fundo e fazer cruzamentos. Nas poucas vezes em que avança, faz infiltrações pela diagonal. Bryan é um pouco mais participativo nas triangulações pelos lados. Existe um buraco entre a linha dos volantes e a dos três meias. O 4-2-3-1 é transformado em 4-2-0-3-1. A dificuldade na saída de bola é tão grande que a lesão de João Ricardo contra o Atlético-GO deve ter sido de tanto o goleiro dar chutões nas bolas recuadas para ele. Além de a bola chegar ao ataque sem ser trabalhada, o quarteto ofensivo está mal posicionado.

Embora a promoção de reduzir o valor do ingresso seja importante para incentivar o aumento do público, os principais atrativos devem ser um futebol convincente, competitivo, combativo e sequência de resultados positivos. Horário, facilidade de estacionamento nas proximidades do Independência e acesso sem filas ao estádio são fatores colaboradores na continuação da maior presença dos torcedores. A campanha na condição de visitante também precisa melhorar a fim de ampliar a confiança dos americanos. Fora de casa, o Coelhão só venceu o Bragantino. Perdeu para Luverdense e Náutico. O próximo confronto no campo do adversário será contra o Criciúma, na terça-feira. A vitória sobre o Criciúma vai ser um grande incentivo para a torcida comparecer em maior número na próxima partida dentro de casa, contra o Mogi Mirim, no dia 4 de julho, sábado, às 21h.